Vicky
Tavares
Acompanhei muitos casos de discriminação desde que passei
a me dedicar aos portadores do vírus HIV. Conto aqui no blog as histórias desses cidadãos que
tanto sofrem com o preconceito. Antes de mais nada, a palavra de ordem é:
respeito!
Ele tinha 11 anos e frequentava a escola como
qualquer outro garoto da mesma idade. Dócil, inteligente e muito brincalhão...
Já nasceu com o vírus. Foi infectado por transmissão vertical, de mãe para
filho. Sempre acometido de doenças oportunistas, teve uma otite que se tornou
crônica. Hoje aguarda cirurgia para costurar os tímpanos que se romperam.
A escola pública de Taguatinga tinha conhecimento da
sorologia das crianças e adolescentes do Vida Positiva. Na época colocamos
adesivos referentes à Casa no carro da Instituição e não poderíamos imaginar
quanto transtorno isso causaria e quanto preconceito teríamos que assistir.
Ele, que gostava de brincar no recreio e na saída da
escola com os amigos, um dia se surpreendeu enquanto se divertia com uma
de suas coleguinhas: foi avisado que o pai da menina não o queria por perto
dela. Mas se esqueceu do aviso e um dia quando estava no pátio foi
surpreendido pelo pai da garota que, batendo nele, gritava para que ele se
afastasse da menina. Foi uma situação bastante constrangedora.
A diretora da escola me chamou para conversar. Muito
preocupada com a reputação da escola, me comunicou o ocorrido. Levei nosso
menino para casa – que, àquela altura, chorava de soluçar. Em busca de uma
solução, perguntei: “Meu filho, você quer que eu denuncie o que aconteceu?”, e
para minha surpresa ele respondeu: “Vó, vou preferir entregá-lo nas mãos de
Deus, com certeza vai ser melhor.”
nossa... o seu trabalho é lindo vovó! Parabéns. To emocionada lendo. Que orgulho de existirem pessoas assim...
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