terça-feira, 27 de novembro de 2012
quarta-feira, 21 de novembro de 2012
Passou a fazer parte da minha vida!
Keila Faria - Voluntária
Foi participando de um
programa de apadrinhamento de crianças institucionalizadas que cheguei ao Vida Positiva, que desde então passou a fazer parte da minha vida!
Conheço muitas casas de acolhimento, mas a dedicação da Vicky (Presidente da ONG)
me tocou muito e mudou meu modo de ver as pessoas.
Um lar! Foi isso o que eu encontrei nesse lugar. A
rotina lembra muito a de qualquer família, só que em proporções bem maiores.
Contas a pagar, funcionários, comida, escola, boletim, dever de casa... Sem
falar no fantasma do preconceito. Todos esses desafios diários são enfrentados
com muita dedicação, trabalho e amor de uma pessoa que deixou sua vida para
dedicá-la aos portadores do HIV ou aos seus familiares.
Nunca imaginei que o preconceito com o portador desse
vírus, ainda fosse algo tão forte, em um mundo moderno e cheio de informações.
Só depois de conhecer as histórias dessas crianças e adolescentes e ver o modo
corajoso com que a Vicky luta contra isso é que percebi que essa é
uma luta que só esta começando.
Foi no Vida Positiva que comi o melhor feijão e a melhor
farofa do mundo e ainda descobri que o amor nunca é demais!
quinta-feira, 15 de novembro de 2012
Muitas vezes o preconceito começa na família!
Vicky Tavares
A mãe
faleceu de HIV e em seguida a garotinha de 3 anos começou a adoecer. Uma
pneumonia atrás da outra. Fizeram os exames e foi constatado o vírus HIV.
Imediatamente a família separou talheres, pratos, roupas de cama e a isolaram
em um cômodo da casa. Praticamente vivia no hospital acometida de doenças
oportunistas.
Quando
voltava para casa dormia em uma esponja. A cama que ganhou de
presente ficou para a irmã. Ninguém se importava com ela. Pensavam: “Vai
morrer mesmo!”.
Quando eu a
conheci ela tinha 9 anos. Não aceitava ninguém. Devolvia na mesma moeda. Foi à conquista
mais difícil da minha vida. Tirei-a da casa onde morava e fiz um trabalho de
muito amor com ela.
Hoje está
com 19 anos, linda, maravilhosa, carga viral zerada, CD 4 alto e é minha grande
amiga! Não conta para ninguém sobre o HIV. Visita raramente a família. Está
envolvida em um verdadeiro laço de amor, onde se abraça, se beija e se respeita
as diferenças.
quinta-feira, 8 de novembro de 2012
Minha Garotinha
Vicky Tavares
Quando ela foi morar comigo estava muito
feliz! Não cabia em si de tanta felicidade e tudo era novidade. Logo, fui
matriculá-la no colégio ao lado de meu bloco. Ela não via a hora de
começar. Passou dezembro, janeiro e fevereiro contando os dias para as
aulas começarem.
Uniforme novo, mochila nova, estojo,
lápis, cadernos, agenda, enfim... Estava muito alegre e não escondia isso de
ninguém! Tinha encontrado uma família para adotá-la e agora queria abraçar o
mundo com as mãos. Estava se considerando uma pessoa muito importante!
Eu fazia questão de dizer e demonstrar
também minha alegria em tê-la comigo. Seu quarto foi todo decorado com
tudo que ela gostava. Até a cor foi escolha dela. Na instituição era calada,
mas depois virou uma tagarela! Nos primeiros dias ela ia toda feliz para a aula,
depois começou a reclamar, imaginei que não estava gostando de estudar.
Só que o tempo foi passando e minha
menininha estava cada dia mais deprimida. Pedi à motorista que chegasse minutos
antes do acostumado e que a observasse. Foi aí que fiquei chocada. Minha filha
ficava no pátio isolada de todas as outras crianças.
Quando eu a deixava no colégio, sentia
que a senhora que ficava na portaria me olhava com curiosidade e não respondia
ao meu cumprimento. Todo dia vinha reclamação dela. Fiquei assustada porque a
menina que eu tinha adotado não era mais a mesma.
Foi então que caiu a ficha e perguntei:
- Filha, você contou na escola que tinha o vírus HIV? Ela então me respondeu: -
Contei mamãe, mas depois que contei todos ficaram tristes comigo. Então
falei: - Querida não devemos contar nossa vida particular para ninguém.
Fui para casa arrasada! Chorei a noite
toda.
Resolvi procurar a diretora da escola para comentar o que eu já vinha
observando. Ela foi super mal educada e quis disfarçar. Alertei então, que
tomasse cuidado porque ela era preconceituosa e abusada. Saí de lá muito mal.
No outro dia fui visitar uma outra
escola e pedi a transferência dela. Atualmente, ela estuda com
pessoas que a respeitam e que tem muito carinho por ela. Não comenta mais nada
sobre sua sorologia e quer ser amada como todos nós!
sexta-feira, 2 de novembro de 2012
Vó, vou preferir entregá-lo nas mãos de Deus.
Vicky
Tavares
Acompanhei muitos casos de discriminação desde que passei
a me dedicar aos portadores do vírus HIV. Conto aqui no blog as histórias desses cidadãos que
tanto sofrem com o preconceito. Antes de mais nada, a palavra de ordem é:
respeito!
Ele tinha 11 anos e frequentava a escola como
qualquer outro garoto da mesma idade. Dócil, inteligente e muito brincalhão...
Já nasceu com o vírus. Foi infectado por transmissão vertical, de mãe para
filho. Sempre acometido de doenças oportunistas, teve uma otite que se tornou
crônica. Hoje aguarda cirurgia para costurar os tímpanos que se romperam.
A escola pública de Taguatinga tinha conhecimento da
sorologia das crianças e adolescentes do Vida Positiva. Na época colocamos
adesivos referentes à Casa no carro da Instituição e não poderíamos imaginar
quanto transtorno isso causaria e quanto preconceito teríamos que assistir.
Ele, que gostava de brincar no recreio e na saída da
escola com os amigos, um dia se surpreendeu enquanto se divertia com uma
de suas coleguinhas: foi avisado que o pai da menina não o queria por perto
dela. Mas se esqueceu do aviso e um dia quando estava no pátio foi
surpreendido pelo pai da garota que, batendo nele, gritava para que ele se
afastasse da menina. Foi uma situação bastante constrangedora.
A diretora da escola me chamou para conversar. Muito
preocupada com a reputação da escola, me comunicou o ocorrido. Levei nosso
menino para casa – que, àquela altura, chorava de soluçar. Em busca de uma
solução, perguntei: “Meu filho, você quer que eu denuncie o que aconteceu?”, e
para minha surpresa ele respondeu: “Vó, vou preferir entregá-lo nas mãos de
Deus, com certeza vai ser melhor.”
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